1 ANO - Os Francos e o Império de Carlos Magno
OS BÁRBAROS E O REINO DOS
FRANCOS
Tradicionalmente o evento que simboliza o final da Antiguidade e,
por consequência, o início da Idade Média é a queda do Império Romano, no ano
476. Os motivos para o final do domínio romano são vários, mas a grande
consequência desta "queda" foi o surgimento de novos
reinos nas terras que antes pertenciam aos romanos. Povos
bárbaros, que habitavam as fronteiras imperiais, aproveitaram-se da crise
romana para penetrar nas férteis terras que antes pertencera aos latinos. Cada
um dos invasores fundou seu próprio reino, atendendo às necessidades
territoriais e geográficas de cada um.
Os principais povos bárbaros invasores eram os Germanos divididos em francos, godos (visigodos
e ostrogodos), saxões, anglos, suevos e vândalos; os Eslavos divididos em sérvios, russos e croatas;
osTártaros-Mongóis divididos em turcos e
húngaros; e, por fim, a tão temida tribo dos Hunos, que
liderados por Átila saquearam e destruíram dezenas de cidades.
Cada um destes povos invasores fundou seu próprio reino nas terras
do extinto Império. Dentre estes reinos se destacaram o Reino dos Vândalos
(localizado na Península Ibérica), o Reino dos Ostrogodos (na Península
Itálica), o Reino dos Anglos e dos Saxões (na ilha da Grã-Bretanha) e o Reino
dos Francos (localizado na região das atuais França e Alemanha).
O Reino dos Francos
Dentre todos os reinos bárbaros instalados nos territórios
do extinto Império Romano, o Reino
dos Francos foi o que mais se destacou.
Os francos eram tribos de origem germânica que habitavam a região
na Europa Central, mais ou menos onde hoje está localizada a Alemanha. A
expressão “franco”
significa “livre”
na língua frâncica. Contudo, a liberdade era relativa, já que as tribos francas
tinham escravos e as mulheres, claro, não tinham os mesmos direitos dos homens.
No século V, em busca de novas terras, os francos invadiram a
Gália, região da atual França. Por meio da expansão militar, os francos
incorporaram praticamente todos os territórios germânicos. Dominando quase todo
o território Ocidental que fizera parte do Império
Romano.
Mas o grande crescimento expansionista ocorreu mesmo quando Clóvis
(482-511), um chefe guerreiro, unificou as diversas tribos francas debaixo de
sua autoridade. Clóvis se tornou o primeiro rei dos francos, dando origem à
Dinastia Merovíngia (homenagem a Meroveu, avô de Clóvis).
Não se sabe ao certo quais as verdadeiras intenções do rei franco,
mas no ano 495, ocorreria um feito que transformaria a Europa e o mundo
Ocidental para sempre: Clóvis converte-se ao cristianismo, formando aliança com
a Igreja Católica.
O que é certo é que a aliança trouxe benefícios para os dois
lados. Se para a Igreja romana a aliança representou ter ao seu lado uma
importante proteção militar, perdida desde a queda de Roma. Para Clóvis a
aliança representava a legitimação de seu reino frente aos outros povos
bárbaros submetidos ao domínio franco. Mas não só isso, a unificação religiosa proporcionada
pela Igreja eliminou as diferenças religiosas entre as tribos anexadas ao Reino
dos Francos.
Militarmente bem sucedidos, os francos conquistam a região da
Germânia, atual Alemanha, territórios que nem mesmo os romanos haviam
conquistado.
Mas no ano 511, o rei Clóvis morre e o reino dos francos acaba
sendo dividido por seus 4 filhos. Entretanto, devido à rivalidade entre os
irmãos, o reino fica enfraquecido. Os reis deste período ficam conhecidos como
os “reis débeis”, já que pouco-a-pouco foram perdendo influência para os
membros da aristocracia.
Entre os reis descendentes de Clóvis, destacou-se Dagoberto, que
foi responsável pela reunificação do reino. Dagoberto também impediu que
invasores estrangeiros tomassem os territórios francos.
Entretanto, ao falecer, Dagoberto não deixou herdeiros. Com isso,
Carlos Martel, um importante general do exército e também um mordomo de palácio
(espécie de primeiro ministro), assumiu as rédeas do reino. Entre os grandes
feitos de Martel está a vitória na Batalha de Pointers, no ano 732, quando o
grande general venceu os mouros (muçulmanos) que tentavam invadir o sul da
França. Esta batalha põe fim a expansão muçulmana na Europa.
Após a morte de Carlos Martel, seu filho, Pepino o Breve é
coroado rei, iniciando a Dinastia Carolíngia (em
homenagem ao falecido pai). Com Pepino os francos voltam a prosperar e a se
aproximar da Igreja. Ao expulsar os lombardos da Itália, Pepino doa as terras
lombardas à Igreja Católica, reestabelecendo uma importante aliança
política-religiosa que durará por toda o seu reino.
OS FRANCOS E O IMPÉRIO DE CARLOS MAGNO
Carlos Magno, filho
de Pepino, herdou o trono dos francos após a morte do pai, em 768. Por meio da
guerra, o novo monarca inicia um período de conquista de territórios. Sendo
durante o reinado de Magno que o Reino dos Francos alcançou sua maior extensão territorial.
No ano 773, Carlos
Magno derrotou o rei da Lombardia, recebendo a coroa de ferro da Lombardia.
Ainda no campo de batalha, Magno conquistou a Bavária e a Saxônia, tornando o
Reino dos Francos o maior império da Europa desde o Roma.
No natal do ano 800,
Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão III. Este feito origina o
Sacro Império Romano. A intenção da igreja era reunificar a Europa debaixo de
sua influência espiritual.
Conforme expandiu os
territórios imperiais, a administração e a proteção se tornaram mais
dispendiosas e cara. Para tornar a administração mais eficaz, Carlos Magno
dividiu o território em condados, marcas e ducados (espécies de províncias).
Cada uma das regiões passou a ser administrada por um servo de confiança do
imperador.
Os condados e ducados
eram administrados respectivamente por condes e duques. Já as marcas, regiões
que literalmente “marcavam” as fronteiras do Império, eram administradas pelos
marqueses, geralmente líderes militares. Nasciam assim os títulos de nobreza.
Os administradores
tinham poder quase que completo sobre as regiões que governavam. Entretanto,
Magno enviava representantes responsáveis pela fiscalização dos territórios.
Outra medida que
visava combater rebeliões nos condados foi a adaptação das relações de
vassalagem germânicas aos condados e marcas. Assim, cada indivíduo
estava ligado ao seu senhor por meio de juramentos de dependência e fidelidade. Prática que se tornaria muito comum nos séculos
seguintes.
Também cabe destacar
que Carlos Magno foi um grande investidor nas áreas da arte e da educação.
Sendo que este período ficou conhecido como o Renascimento Carolíngio.
O reinado de Carlos
Magno somente chegou ao fim no ano 814, com morte do imperador. Luís, filho de
Margno, tornou-se o monarca. Porém, o império ficou enfraquecido.
No ano 843 é assinado
o Tratado de Verdum que estabeleceu a divisão do Sacro Império Romano entre os
três filhos de Luís: Lotário, Carlos o Calvo e Luís o Germânico. A divisão favoreceu a descentralização do poder. Com isso,
os nobres e dos senhores locais tiveram seu poder ampliado consideravelmente.
Isso tudo associado aos ataques dos vikings levou ao enfraquecimento dos imperadores.
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